E se meus planos profissionais derem todos errados? Se essa coisa toda, que eu estou aprendendo, de escrever como jornalista só servir para me tornar uma daquelas pessoas irritantes, recalcadas, por terem fracassado profissionalmente? Eu sempre penso isso quando eu preciso fazer minhas matérias e não sei por onde começar. Ah, mas eu gosto de fotografia! E se ninguém gostar das minhas fotos? Sem pessimismo. Só estou pensando nas possibilidades. É preciso preparo para as surpresas da vida. Mas se tudo der errado o que eu farei? Bom, haverão outras alternativas. E se o certo for tudo dar errado? Não dá para mudar.
Talvez, poucos saibam, mas muitas pessoas juntas me deixam desconfortável. Eu odeio ter que falar em público, às vezes, até para quem eu conheço. Eu suo, estremeço, gaguejo, o coração palpita e não sei para onde olhar. Eu não pretendo ser apresentadora de telejornal nem nada parecido. Já pensei em rádio, mas eu acho a minha voz uma tragédia. E por que jornalismo? Porque tem outras áreas que eu me interesso mais. No fundo, acredito que até me formar eu vou mudar bastante. E se tudo der errado eu farei dar certo de outro jeito.
Eu não ligo se eu não for rica o bastante e não ir, de três em três meses, ao Reino Unido. Não importa, se eu não passar as férias na Grécia e não visitar o Canadá todos os anos. Paciência se eu não conhecer o Egito, a Rússia e nem a Turquia. E aquele meu apartamento em São Paulo eu dispenso. E se não der para ir uma vez por mês a Buenos Aires e no inverno a Bariloche, tudo bem. Eu também nem me vejo sendo uma pessoa de muitos status. Mas e daí? Sabe, acredito que encontrar alternativas liberta a minha imaginação. Eu acredito em destino e independentemente das nossas escolhas. De alguma forma, todos os caminhos levarão ao mesmo lugar.
Nesse contexto a possibilidade seria: morar no interior, casada, tendo algum bichinho de estimação e ter um pequeno negócio na cidade. Naquele tipo de lugar onde todos se conhecem e sabem uns da vida dos outros. Nossa que decadência! Não para mim. E se eu for feliz assim e tiver com a minha saúde melhor que agora? É o que importa. Ninguém precisa ser rico e viver viajando para ser feliz. Não sou hipócrita para dizer que viajar não é bom, mas a felicidade está em todos os lugares, dos mais simples aos mais luxuosos e para qualquer pessoa. Enfim, pensar desse jeito é o que me conforta. Me tranquilizo e me sinto preparada se tudo der errado. Afinal, alguma coisa sempre dá certo, se é que já não deu.