Jogos

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Roleta russa só mais um vício, puro desperdício
Moedas caíram diante dos meus olhos
Jogos de um cassino

manipulador
Fui eu da maneira que consegui
Fichas no lugar da chuva
O mar afogou as cartas de um velho baralho
Caça-niqueis engoliram todas as cores

Sonhei com outros lugares
Qualquer outro distante
Sem jogos, sem farsas
Sem falsos diamantes para usar
Um rio grande
A imensidão do mar era só escuridão

Seis anos, centenas de vezes a roleta rolou
A diversão jamais foi um vício
Só sujeira, puro desperdício
Trapaças em todas as partidas de Poker
O silêncio só mostrou bravura
O revólver no peito causou apenas feridas

Entrar no jogo foi puro desperdício
Me afoguei nas águas de um rio grande
Números esconderam o céu
A areia cobriu a pele ressecada pelo mar
Roleta russa só mais um vício
Jogos de um cassino manipulador
Fui eu da maneira que consegui

Sonhei com outros lugares
Qualquer outro distante
Falsos diamantes, mas sempre atraentes
Caça-niqueis me caçaram
A tentação dos jogos de azar
Fui eu da maneira que consegui
Nadando nas cartas de um velho baralho

São as possibilidades

E se meus planos profissionais derem todos errados? Se essa coisa toda, que eu estou aprendendo, de escrever como jornalista só servir para me tornar uma daquelas pessoas irritantes, recalcadas, por terem fracassado profissionalmente? Eu sempre penso isso quando eu preciso fazer minhas matérias e não sei por onde começar. Ah, mas eu gosto de fotografia! E se ninguém gostar das minhas fotos? Sem pessimismo. Só estou pensando nas possibilidades. É preciso preparo para as surpresas da vida. Mas se tudo der errado o que eu farei? Bom, haverão outras alternativas. E se o certo for tudo dar errado? Não dá para mudar.

Foto por Laurens den Besten em Pexels.com

Talvez, poucos saibam, mas muitas pessoas juntas me deixam desconfortável. Eu odeio ter que falar em público, às vezes, até para quem eu conheço. Eu suo, estremeço, gaguejo, o coração palpita e não sei para onde olhar. Eu não pretendo ser apresentadora de telejornal nem nada parecido. Já pensei em rádio, mas eu acho a minha voz uma tragédia. E por que jornalismo? Porque tem outras áreas que eu me interesso mais. No fundo, acredito que até me formar eu vou mudar bastante. E se tudo der errado eu farei dar certo de outro jeito.

Eu não ligo se eu não for rica o bastante e não ir, de três em três meses, ao Reino Unido. Não importa, se eu não passar as férias na Grécia e não visitar o Canadá todos os anos. Paciência se eu não conhecer o Egito, a Rússia e nem a Turquia. E aquele meu apartamento em São Paulo eu dispenso. E se não der para ir uma vez por mês a Buenos Aires e no inverno a Bariloche, tudo bem. Eu também nem me vejo sendo uma pessoa de muitos status. Mas e daí? Sabe, acredito que encontrar alternativas liberta a minha imaginação. Eu acredito em destino e independentemente das nossas escolhas. De alguma forma, todos os caminhos levarão ao mesmo lugar.

Nesse contexto a possibilidade seria: morar no interior, casada, tendo algum bichinho de estimação e ter um pequeno negócio na cidade. Naquele tipo de lugar onde todos se conhecem e sabem uns da vida dos outros. Nossa que decadência! Não para mim. E se eu for feliz assim e tiver com a minha saúde melhor que agora? É o que importa. Ninguém precisa ser rico e viver viajando para ser feliz. Não sou hipócrita para dizer que viajar não é bom, mas a felicidade está em todos os lugares, dos mais simples aos mais luxuosos e para qualquer pessoa. Enfim, pensar desse jeito é o que me conforta. Me tranquilizo e me sinto preparada se tudo der errado. Afinal, alguma coisa sempre dá certo, se é que já não deu.

Alguém

A passos curtos busquei e encontrei forças que jamais achei que eu teria. Eu me sinto amada como nunca achei que alguém me amaria, meu sorriso é para estimular o riso. Entrelaço minhas mãos à outras porque assim eu me sinto mais segura e sei que não sou a única a gostar. Quando minha vontade é largar tudo e mandar o mundo para longe eu só penso nisso. Eu lembro que tem alguém que é o motivo de me manter em pé e esse alguém me ama.

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Eu não posso. Eu não quero. Eu não vou deixar escapar de mim. Eu lutei e persisti mesmo sabendo que não é tão simples ficar assim, mas eu quero tanto que nada nem ninguém vai me fazer desistir. Eu cheguei a pensar que havia enlouquecido por manter meus pensamentos sempre iguais .

Agora, além de eu ter uma razão me motivando a viver, o meu mundo gira em torno de uma pessoa e eu passei a gostar de contos de fadas. Estou construindo uma linda historia, melhor do que as de cinema. Eu estou aprendendo a ser alguém, crescendo e sonhando com a cabeça nas nuvens, mas os pés no chão. Eu vou a qualquer lugar independentemente de onde eu estiver, só para encontrar o que eu desejo. Eu faria tudo o que eu já fiz de novo e farei ainda mais. Tenho mais inspiração. Tenho sonhado mais. Tenho vivido mais e melhor.

Há uma voz que eu lembro em cada canção que ouço. Eu vejo um sorriso em todos os rostos que encontro por aí. Sinto um perfume mesmo que não tenha nenhuma fragrância no ar. Tudo que está longe se torna presente no que eu vejo e sinto. Acho que estou viciada realmente, talvez, porque eu não tenho controle disso tudo. Eu perco a noção de tudo. Não vejo nada além e isso pode me enlouquecer. Acho que de alguma forma eu desejo isso. Enlouquecer perdida entre pensamentos ligados ao que eu mais quero. Não seria nada mal. Opto por ficar louca se eu continuar assim ao invés de ter uma vida tão sem graça sem sentir tudo isso.

É real demais tudo o que eu sinto agora e ainda assim acredito que seja um sonho, do qual pretendo nunca mais acordar. Eu amo essa minha nova vida e isso me fortalece todos os dias. Não voltarei a ser a mesma. Existem duas partes de mim: eu antes e eu agora.

Insônia de uma madrugada vazia

Então, guria
Se os meus olhos estiverem vazios
É só cansaço corporal
Pode crer não é fácil manter o corpo
E a cabeça em sintonia

Não dá bola, guria
No que os outros podem falar
Desculpa se eu não conseguir parar
Me avisa se eu não souber disfarçar
Eu vou tentar esconder
O que eu não canso de te dizer

Presta atenção, guria
No que os meus olhos têm pra falar
O brilho deles é todo para você
A tua voz é a razão
Do meu coração estar em paz

Se eu acreditasse que o amor é um ciclo
Que começa bem e sempre tem um final
Eu não estaria me preocupando
Em que palavras usar para escrever a você
E vê se não te importa quando eu digo que
Eu sou dessas gurias loucas
Porque tudo isso é culpa do amor

Eu sempre escrevo ao invés de dormir
Mas as palavras na minha cabeça estourando
São a razão das minhas insônias
Eu só deixo isso dominar
Porque sei que ao amanhecer
Os meus versos a você vão chegar

É tão proveniente

Ando meia desequilibrada. Caminho a passos curtos para não tropeçar. Por vezes, pareço estar perdida em uma embriaguez, mas só se for de ar porque faz muito tempo que eu não ponho uma gota de álcool na boca.

 

Foto por Marcelo Jaboo em Pexels.com

Ultimamente, tenho respirado novos ares, que possuem novas fragrâncias, e é quando respiro esses ares que eu fico tonta. Por isso tenho andado como se estivesse pisando em ovos molhados, tudo tão delicado e escorregadio. Até a minha respiração precisa ser mantida sobre controle. Um tanto difícil quando se está a um passo de um ataque de nervos.

Eu costumo cair com certa facilidade. Não tenho muito controle sobre o meu corpo. Eu não sei andar em linha reta. Sou totalmente desequilibrada, tanto fisicamente quanto mentalmente. Há cinco meses só piorou, mas nada comparado de julho para cá. Desequilibrada, porém consciente que preciso manter a calma e isso tenho conseguido independentemente de estar a ponto de explodir.

Se tornou um hábito levantar de madrugada. Meio tonta com a visão turva, o coração dando cambalhotas e o pensamento fixo em alguma coisa. É tão proveniente como quando eu olho em um ponto fixo e passo a pensar naquela imagem. Ou como quando eu sinto aquele perfume doce, que atenta a minha cabeça, me deixando ofegante e mais embriagada. Acordada. Deitada. Sentada. Dormindo. Caminhando. Não importa a qualquer hora do dia eu posso me desequilibrar.  Basta eu me concentrar naquela essência e na imagem que estão fixas na minha mente.

(2011)

Fechei os olhos e imaginei tudo colorido, era preciso ver cores

A vida ela é assim, quase sempre, em preto e branco. Algumas vezes, pode ser só em preto. Outras só em branco. Quem define a cor somos nós. O preto e branco tranquiliza, controla, deixa tudo no lugar. Entretanto, ficar só no preto ou no branco pode levar à loucura e até a velhice precoce. Óbvio, viver em arco-iris também não dá. O colorido pode sim enlouquecer e cansa muito mais que o preto e branco. Tudo depende das cores que escolhemos e de como colorimos nossos quadros. Sim, somos todos artistas da nossa vida.

Foto por Sharon McCutcheon em Pexels.com

Preto e branco é a combinação perfeita, sou apaixonada por essas cores quando estão juntas. Minha vida sempre foi em preto e branco, meio desbotada. Vez que outra eu resolvia colorir usando cinza, lilás, azul e até rosa, mas os tons sempre muito claros, sem emoção. De quando em vez, surgia um e dava um pitaco colocando alguma cor, mas quando o braço cansava ia embora e levava a cor junto. E eu ficava com aquele preto e branco, realçando em cores sem emoção.

Era assim, meus quadros coloridos sempre tão crowdsourcing. Mesmo acostumada desde sempre a viver naqueles tons, eu me sentia incômoda, precisava de cor nem que fosse só uma tonalidade. Resolvi então esquecer o preto e branco. Comecei pelo azul, passei um verde e assim fui colorindo, mas usando 40% de contraste. Eu não queria exagerar, eu estava recém aprendendo a combinar cores e suas variações de tons.

Eu estava recém me adaptando a todo aquele colorindo, mesmo que em tons fracos, ainda eram fortes aos meus olhos. Foi quando surgiu um artista desastrado batendo mim e fez eu derrubar um balde de tinta laranja em cima de todos os meus quadros. Como um efeito dominó o balde foi derrubando todas as outras cores e com 100% de contraste eu fiquei mais colorida que um arco-íris.

O preto e o branco estão em mim ainda, mas agora só para equilibrar o colorido. Desta vez será diferente já que não foi um intruso dando pitaco nos meus quadros, fui eu mesma que os colori, mesmo que por acidente. Sei que graças a este desastre, além de inspiração para os meus textos, o colorido deu mais vida a minha vida.

Deixa

Vem correndo pra mim e me abraça sem pressa de soltar. Eu quero nas noites frias poder ter esquentar. Quando estiver chovendo, nos finais de semana, quero passar o tempo todo dormindo ao teu lado. Quando houver sol, eu quero passar as tardes em um lugar tranquilo, onde fique só nós duas deitadas e que a gente possa rir de piadas sem graças. Fazer tudo o que nos der vontade, sem ninguém para atrapalhar.

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Eu quero ficar do teu lado sem pensar no depois, sem pensar em rotina, sem pensar nos outros, só pensando em nós. Quero fazer todas as tuas vontades, quero te mimar, como ninguém te mimou. Eu preciso do teu abraço, esse abraço que é o mais confortável do mundo. Contigo eu me sinto a pessoa mais feliz, eu fico boba. Quando eu penso em ti eu sempre imagino nós, sem ninguém para incomodar.

Deixa eu te levar para onde só tenha tu e eu, em um lugar que a gente não pare um minuto. Eu quero te dizer as coisas mais lindas do mundo. Eu quero te conquistar a cada sílaba que eu proferir, a cada suspiro meu. Deixa eu te fazer sentir cada vez mais apaixonada por mim, até quando eu estiver em silêncio.

Eu vou ser exagerada o tempo todo se isso te causar alegria. Eu quero e vou estar do teu lado, não importa como esteja o teu humor. Então, deixa eu ser o motivo da tua felicidade, deixa eu te amar sem ter data para acabar.

(2013)

Talvez culpa

Eu sou apenas uma humana com esqueleto dentro de mim e um coração que ainda bate. Eu não sou a vilã como pareço ser quando me pregam de carma. Eu só tento fazer tudo da melhor maneira possível, como eu sempre procurei fazer. Eu não espero que ninguém se aproxime de mim mesmo que eu queira.

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Sou muito insegura e raramente me aproximo de pessoas. Eu não estou me fazendo de vítima, nem quero encontrar culpados porque nestes casos ninguém age sozinho. Então, deixe-me saber que eu fiz de errado. Quando eu soube disso, lembrei de quando contei sobre o meu pequeno segredo sujo. Não foi preciso dizer que não contasse a ninguém e nem que não seguisse por este caminho, ela não gostaria de ser outra arrependida.

Não sei o que aconteceu, mas naquela noite de verão ela resolveu fazer do meu o seu segredo sujo. Todos dormiam, enquanto nós ficamos acordadas. Não hesitou e fui deixando memórias no seu corpo que a fizeram me odiar. Hoje ela mente para esconder o pequeno segredo sujo que temos em comum. Agradeço porque assim não é revelado a ninguém o monstro que sou. Sim, eu sou um monstro! Mas eu não mordo e nem sou uma vilã. Não tenham medo de mim. Eu nunca obrigo ninguém a fazer o que não quer.

É, a menina de 18 tem segredos sujos não tão secretos, escondidos como monstros dentro dela. Ela tem o costume de bombardear as pessoas com pequenas palavras e sentimentos grandes. Só eu sei sobre esse passado e mesmo que eu diga, ninguém poderá entender. Ninguém pode entender os sentimentos de outra pessoa.

É complicado de dizer, mas isso é constrangedor e humilhante. A gente tem tanta energia para passar aos outros e isso nos sobrecarrega. A cobrança da sociedade é tão grande que nem se pode dizer que é uma sobrecarga, a denominação mais coerente é descarga. Sim, descarga! Porque na verdade essas cobranças consomem toda a nossa energia.

De repente a vida me apresentou situações inesperadas (algumas semelhantes, mas sempre inesperadas) que hesitaram consciência. Foi onde percebi que deveria fazer escolhas para o meu próprio bem e eu comecei a bombardear pessoas, algumas com os meus bons sentimentos. O resto eu o bombardeio com o meu silêncio porque não são dignos nem dos meus insultos.

Novo mundo

Sabe quando a gente perde a direção? Sabe quando a gente parece estar em outra dimensão? Quando a gente se dá conta que passou um tempão pensando na mesma coisa e não sabe se estava dormindo ou não? Sabe aquela falta de ar, aquele embrulho no estômago que parece ter uma valsa de borboletas dentro de nós?

Quando o coração parece estar em uma cama elástica e o corpo começa a queimar, sabe? A visão fica turva, não importa se a gente está com óculos ou não.  Quando gente só quer conseguir respirar normalmente. Então a gente puxa o ar para se recompor e parece que a gente vai é sair voando. Sabe quando isso acontece? É um pouco assustador eu sei. Dá aquele medo e uma vontade enorme de abraçar quem nos faz sentir isso. Pode parecer ruim, mas eu acho isso tudo perfeito! Porque eu sei que é recíproco.

Eu fico em paz sabendo que tem alguém que sente o mesmo por mim, até nos meus momentos mais nervosos. Já fazia um tempo que eu via tudo em preto e branco e tão parado. Mas agora a vida para mim tem cor, tem som, tem movimento. Não importa como o tempo esteja, todos os dias são lindos porque eu tenho uma razão para ser feliz. Ultimamente, eu tenho escrito bastante sobre o amor, talvez, até hoje eu só tenha falado nos meus textos sobre o amor. Porém dessa vez é diferente. Eu tenho me referido ao amor como algo bom e não como algo triste. E, realmente, minha percepção de vida é outra. Eu vejo que tem tanta coisa a favor da felicidade nesse mundo e eu perdi tanto tempo me preocupando com o desnecessário, que parece que eu estou vivendo em outro mundo.

Enquanto durar

Se for um sonho eu não quero acordar, mas se realmente for um sonho que ele se realize assim que eu despertar. Palavras que tranquilizam, abraço que conforta, mãos unidas que transmitem segurança, olhar que permite confiar. É tão forte que por mais profundas que sejam as minhas palavras elas não poderão descrever o que realmente está acontecendo.

Nem se Shakespeare escrevesse um romance seria tão intenso, mesmo a sinfonia de Beethoven não têm esta sintonia. Não acredito em conto de fadas, nem gosto de príncipes, pois me parece que esse tipo de conto não atribui perfeição. Seja lá o que for eu só não quero que acabe, não agora.