Talvez culpa

Eu sou apenas uma humana com esqueleto dentro de mim e um coração que ainda bate. Eu não sou a vilã como pareço ser quando me pregam de carma. Eu só tento fazer tudo da melhor maneira possível, como eu sempre procurei fazer. Eu não espero que ninguém se aproxime de mim mesmo que eu queira.

photography of person walking on road
Foto por Leo Cardelli em Pexels.com

Sou muito insegura e raramente me aproximo de pessoas. Eu não estou me fazendo de vítima, nem quero encontrar culpados porque nestes casos ninguém age sozinho. Então, deixe-me saber que eu fiz de errado. Quando eu soube disso, lembrei de quando contei sobre o meu pequeno segredo sujo. Não foi preciso dizer que não contasse a ninguém e nem que não seguisse por este caminho, ela não gostaria de ser outra arrependida.

Não sei o que aconteceu, mas naquela noite de verão ela resolveu fazer do meu o seu segredo sujo. Todos dormiam, enquanto nós ficamos acordadas. Não hesitou e fui deixando memórias no seu corpo que a fizeram me odiar. Hoje ela mente para esconder o pequeno segredo sujo que temos em comum. Agradeço porque assim não é revelado a ninguém o monstro que sou. Sim, eu sou um monstro! Mas eu não mordo e nem sou uma vilã. Não tenham medo de mim. Eu nunca obrigo ninguém a fazer o que não quer.

É, a menina de 18 tem segredos sujos não tão secretos, escondidos como monstros dentro dela. Ela tem o costume de bombardear as pessoas com pequenas palavras e sentimentos grandes. Só eu sei sobre esse passado e mesmo que eu diga, ninguém poderá entender. Ninguém pode entender os sentimentos de outra pessoa.

É complicado de dizer, mas isso é constrangedor e humilhante. A gente tem tanta energia para passar aos outros e isso nos sobrecarrega. A cobrança da sociedade é tão grande que nem se pode dizer que é uma sobrecarga, a denominação mais coerente é descarga. Sim, descarga! Porque na verdade essas cobranças consomem toda a nossa energia.

De repente a vida me apresentou situações inesperadas (algumas semelhantes, mas sempre inesperadas) que hesitaram consciência. Foi onde percebi que deveria fazer escolhas para o meu próprio bem e eu comecei a bombardear pessoas, algumas com os meus bons sentimentos. O resto eu o bombardeio com o meu silêncio porque não são dignos nem dos meus insultos.

Monstro

Vivia se escondendo, sabia que algo estava errado. Temia tudo e a todos, não conseguia acreditar em ninguém e desconfiava da própria sombra. Havia uma enorme distância entre si e o resto do mundo, não sabia o porquê, sabia que queria era mudar. Mas não sabia como, o que sabia era que toda vez que tentava uma aproximação só conseguia distanciamento.

brown haired female doll
Foto por Pixabay em Pexels.com

Foram muitas lágrimas derramadas, ninguém pode imaginar o que sentia e nem tem como. Pois, nunca contou nada a ninguém e sempre escondeu super bem. Todos os adultos sempre acharam lindo sua quietude, diziam que era uma criança “saudável” por ser tão quieta. O que ninguém sabe é que dentro de si existia uma insegurança, um medo das pessoas. A questão não era só respeito (como diziam) e sim medo. Medo de quê? Da rejeição!

O mundo lhe parecia como uma assombração, um fantasma, acreditava que era mais seguro sonhar do que viver. Falava sozinho toda vez que estava só, “brincava” sem brinquedos, criava vidas que imaginava serem melhores que a sua. Quando conversava com “seus fantasmas” sempre sentia-se menos solitário do que quando tinha alguém por perto.

Quem lhe visse pensaria que falava com as paredes e que estava enlouquecendo, o que não imaginariam é que foram estes momentos que não o deixaram enlouquecer.
Por muitas vezes procurou  não parecer ser o fantasma que as pessoas de fora pensavam que era. Na verdade não era nenhum bicho de sete cabeças nem fantasma, só que quanto mais queria mostrar quem realmente era mais assustava o mundo ao seu a redor.

Com seu medo, insegurança, falta de autoconfiança, transparecia em seu olhar um mistério. Traz consigo segredos escondidos que na infância lhe perturbavam tanto, que realmente não lhe fizeram bem. Enquanto se calava, sua mente entrava em erupção e seus olhos mostravam um olhar agressivo, que assustava a todos. Mas não defendia-se ( o medo lhe impedia) havia o um bloqueio o mesmo que não permitia as pessoas que quisessem se aproximar, lhe ajudarem.

Enfim, se seus responsáveis não elogiassem seu silêncio esta história poderia ser linda e sem mistérios. Não teria medo nem se esconderia tanto. A infância teria sido melhor e por muitas vezes não teriam lhe chamado de fantasma. Hoje já vive melhor do que quando era criança. Mas ainda mantém guardados seus segredos sujos que lhe perturbam como verdadeiros monstros.